Entrevista concedida à Associação de Estudos Huna, por Dr. Sebastião de Melo, médico psiquiatra, estudioso da Psicofilosofia Huna, com artigos publicados sobre o assunto. Aborda nesta entrevista, aspectos importantes e esclarecedores da Psicofilosofia Huna.
AEH>> 1. Quando e onde se originou a Huna?
SM>> Como todo conhecimento antigo, a origem da Psicofilosofia Huna é controvertida, conforme relatam vários autores, entre eles:
1. Max Freedom Long diz que se originou de um povo que partiu do Egito através do Mar Vermelho, e que, em canoas chegou ao Havaí.
2. Serge King diz que se origina de estelares , os quais vieram da Constelação da Plêiade, tendo um dos grupos se estabelecido na Terra, num continente no Oceano Pacifico, o qual era denominado de Mu e seus habitantes de povo de Mu. Este continente submergiu e formou-se a Polinésia. Criaram uma língua que é falada em toda Polinésia.
3. Leinani Melville em seu livro “Children of the Rainbow” diz que “os nativos contavam que seus ancestrais tinham originariamente descido do céu. Os havaianos primitivos eram do Havai’. Eles haviam nascido no Havai’i no princípio da era humana. De acordo com os antigos cânticos da criação, foram a primeira raça humana a ocupar essa terra. Seus primeiros progenitores eram conhecidos como Mu. Os Mu conheciam sua terra natal por diversos nomes. Havai’i agora pronunciado Hawai’i era apenas um deles. Era às vezes chamado de Havai’i – ti – Havai’i, onde a vida surgiu e se desenvolveu. Havai’i originariamente, referia-se ao enorme continente que existiu em tempos pré-históricos no Oceano Pacífico e não, ao belo cordão de ilhas esmeraldas que hoje são conhecidas como Ilhas Havaianas. Foi nesse continente perdido, que os extintos Mu viveram. As atuais ilhas, são os antigos picos das montanhas do continente que submergiu, que foi partido em pedaços por terremotos, destroçado por maremotos de vagalhões gigantescos, despedaçados por erupções vulcânicas. A tradição foi passada por alguns habitantes de Mu, que sobreviveram ao cataclismo que destruiu a antiga civilização. Esses poucos sobreviventes preservaram as tradições de seus antepassados e as passaram para a geração seguinte. Esse costume continuou por séculos, até mesmo por milhares de anos, até que o Capitão James Cook, o navegador Inglês, descobriu os remotos descendentes de Mu, vivendo nas selvas do Havaí. O Havai’i era às vezes chamado de A Terra de Rua (Ta aina o Rua). Rua significa crescimento e desenvolvimento pelo fogo. O povo de Mu muitas vezes, chamava sua terra natal de Ta Rua ou Rani (buraco, ou cratera do céu). Era mais popularmente conhecida como Ta Rua. O povo de Mu era definido pelos tahuna como predecessores, pessoas pequenas, que formaram a primeira civilização do mundo; pessoas silenciosas que se moviam quietamente e trabalhavam sem barulho, pessoas reservadas que preservaram o seu conhecimento em silêncio. Referem-se a eles como uma raça de pessoas lendárias, que viveram no Havai´i, há muito tempo. Os homens sábios do antigo Havaí, que criaram o nome Teave, esconderam dentro da sua Huna (abismos profundos) o simbolismo esotérico do seu significado. Baseado em pesquisas e traduções de cânticos antigos fica claro que a denominação foi criada no continente perdido de Mu, hoje conhecido pelo nome científico de Lemúria. Aquele continente hoje submerso, era às vezes, chamado pelos antigos havaianos, de A grande ilha escondida de Tane. Mais popularmente era conhecida pelos nomes de Ta Rua ou Havai’i-ti, Havai’i, onde a vida surgiu para a existência e expandiu-se em crescimento. Os primeiros habitantes daquela terra esquecida eram conhecidos como os Mu. Eles foram os antepassados dos havaianos de hoje e deram origem à civilização mais antiga do mundo e à sua estrutura religiosa” .
4. James Churchward em seu livro “Continente Perdido de Mu” fala sobre um antigo continente no Oceano Pacífico que era habitado por um povo com uma civilização mais evoluída do que a atual e que submergiu devido a grandes cataclismos por volta de treze mil e quinhentos atrás. Baseou seus estudos na tradução de escritas em pranchas feitas de argila, que encontrou num mosteiro na Índia. A escrita era em uma língua praticamente desconhecida. O monge responsável pela guarda desse segredo ensinou-lhe a língua e traduziram juntos todas elas. Posteriormente encontrou em mais de duas mil pedras, escritas na mesma língua, descobertas no México por Nínive, a mesma história das encontradas na Índia. Deu a esse continente o nome de “Continente de Mu” e a seus habitantes o nome de “Povo de Mu”. A nosso ver, a teoria de Churchward e de Leinani Melville são as que mais se aproximam das lendas havaianas narradas no Tumuripo – o Livro da Criação -, deixado pelos mestres kahuna.
AEH>> 2. A Huna pode ser considerada uma religião?
SM>> A Huna é uma teoria psicofilosófica. Tem um cunho teórico e prático, tratando de todos os assuntos que se referem ao ser humano em sua totalidade, isto é, tanto traz conhecimentos científicos por ter proporcionado às ciências as idéias que desenvolvidas se tornaram conceitos científicos, assim como, aborda situações esotéricas e místicas. Inclui em seu repertório assuntos religiosos sem ser adepta de qualquer doutrina religiosa vigente. Traz em si, um cunho religioso por saber que não é possível desligar o ser humano desse sentido da vida, assim como também do sentido mitológico, presente em todas as épocas da civilização humana.
Os adeptos da Huna podem fazer parte de qualquer religião, ou não. Com o crescimento das idéias Huna, cada um vai desenvolvendo suas próprias crenças de maneira livre, por sofrer mudanças em seus valores e padrões, que é a finalidade primordial desse conhecimento.
AEH>> 3. Por ser uma tradição milenar, como podemos introduzi-la no mundo de hoje?
SM>> Como acreditamos num processo contínuo do desenvolvimento da humanidade, e, sendo a Huna para nós, a mais antiga e evoluída de todas as civilizações, ela simplesmente vem fazendo com que o ser humano descubra, aos poucos, através das reencarnações sucessivas, os mistérios da natureza e de sua própria grandeza.
Como o foco principal da Huna é a mudança de padrão para crescimento e evolução do homem, ela estará sempre atualizada e indicando rumos para uma humanidade mais evoluída, mas que tenha como fator principal de sua evolução o amor compartilhado, o único capaz de trazer felicidade, paz e tranqüilidade a todos os povos. Ela já vem por seus princípios sendo introduzida paulatinamente sem ferir a liberdade de pensar do homem. Não cremos que o desenvolvimento cientifico e tecnológico por si só possa dar ao homem as condições de ser feliz. Para isso é necessário que repense seus valores e descubra aos poucos que a felicidade não está no desenvolvimento exterior, mas sim, no despertar interior de sua condição de herdeiro do Criador Supremo. As transformações pelas quais passa o mundo atualmente estão conduzindo os homens cada vez mais à busca de seu interior, mesmo que tenhamos dirigentes importantes que caminham num sentido diferente por não terem ainda a percepção real do que é se sentir realmente feliz.
Quem pratica a Huna despertando em si uma fé que conduz a uma crença sem dúvidas, sente-se perfeitamente apto para desenvolver bem suas atividades como ser humano, cidadão e um operário da natureza que é a manifestação natural da divindade entre nós.
AEH>> 4. Quais são os princípios básicos?
SM>> O princípio básico da Psicofilosofia Huna é não ferir, isto é, não causar sofrimento a si mesmo, aos outros e à natureza.
Podemos evitar isso não nos omitindo nas situações que exigem de nós atitudes coerentes, que promovam o nosso equilíbrio e do meio em que vivemos. Não devemos nos exceder em ocasiões em que depende de nós um bom senso para que tudo transcorra serenamente. Não podemos permitir que sejamos usados para ações que causem prejuízos por exacerbação das mesmas. Qualquer ação que pratiquemos depende de uma intenção; assim, é a intenção a mãe de todos os problemas e virtudes que acontecem. Concluímos então, que é na intenção que está tudo que praticamos na vida e é nela que devemos focalizar toda nossa atenção para que não caiamos na omissão ou no excesso que nos conduzem ao desequilíbrio físico e mental, quando praticamos ações que provocam sofrimento e danos a nós mesmos e em geral.
Assim sendo, é a intenção o alvo de nosso “orai e vigiai” para que possamos crescer e evoluir na constante busca da felicidade. A Huna tem princípios e ensinamentos que nos ajudam nessa busca de uma maneira mais suave e simples, deixando de ser o sofrimento o paradigma de crescimento e evolução.
AEH>> 5. O senhor poderia enumerar os elementos que formam o conceito Huna?
SM>> Para enumerar esses elementos conceituaremos a Huna em três partes: Uma teórica, uma prática e uma mitológica.
1. A teórica nos diz que o ser humano é formado de três espíritos ou aspectos independentes entre si, mas interligados nas ações, quando um depende do outro para se desenvolverem e de um corpo físico quando reencarnados. Existe uma energia que chamamos de “mana” que é o elemento de coesão entre os três, tendo cada um sua própria mana. O corpo é uma imagem manifestada dessa coesão por meio de uma substância. Essa substância de origem divina permeia todo o universo e em consonância com a mana torna possível as manifestações – a qual se denomina “substância aka”. Para que isso ocorra, cada espírito possui um corpo-aka que lhe é peculiar e tem funções determinadas. Sendo a Huna uma teoria de transformações, costumamos denominar cada um desses elementos pelos seus nomes na Língua Havaiana.
Esses conceitos chegaram até nós por intermédio dos estudos de Max Freedom Long, Serge King e outros que buscaram na antiga tradição havaiana os elementos teóricos. Essa conceituação teórica se sintetiza na prática no que se denomina “Prece Ação”.
Como todo sistema é arbitrário e relativo por ser interpretativo, a Huna também o é. Isso nos dá a liberdade de sermos ou não adeptos da Huna, conforme nossa interpretação desses ensinamentos.
2. Na parte prática, temos entre outros elementos, a Prece Ação já citada acima, com a qual obtemos bons resultados. Ela é usada principalmente, para curas e alívio de qualquer tipo de sofrimento. Obtemos resultados eficazes, pelo fato de trazer um enfoque diferente de como se deve fazer uma prece. Isso só se torna possível depois de conhecermos os conceitos da Huna. A leitura atenta e livre dos Evangelhos nos mostra que esses princípios da Huna não foram esquecidos por Jesus.
A parte prática da Huna está concentrada no xamanismo. O xamanismo ensinado pela Huna refere-se ao Xamanismo Havaiano. Tudo começou quando se reuniram grandes mestres kahuna para sintetizarem os ensinamentos em alguns princípios que pudessem traduzir o pensamento e as atitudes que deveriam ter aqueles que se dedicassem a usar a Huna como prática de vida.
O termo xamã deriva da Língua Tungue falada na Sibéria e hoje está mundialmente difundida como significando curandeiro.
Em havaiano, segundo Serge King a palavra para xamã é kupua e define xamã como um curandeiro de relacionamentos entre a mente e o corpo, entre pessoas e o ambiente, entre seres humanos e a natureza e entre a substância e o espírito. É um co-criador.
Os mestres kahuna sintetizaram em sete os princípios, aos quais juntaram atributos, talentos e cores.
São eles:
Os Sete Princípios Xamânicos, seus Corolários e Atributos
1º. Ike – O mundo é o que você pensa que é.
Corolário: Tudo é sonho. Todos os sistemas são arbitrários.
Utilização do poder do pensamento.
Cor branca
2º. Kala – Não há limites.
Corolário: Tudo está interligado.
Tudo é possível.
Separação é apenas uma ilusão útil.
Utilização das ligações energéticas.
Cor vermelha
3º. Makia – A energia segue o fluxo do pensamento.
Corolário: A atenção segue o fluxo energético.
Tudo é energia.
Utilização do fluxo de energia.
Cor laranja
4º. Manawa – Seu momento de poder é agora.
Corolário: Tudo é relativo.
Utilização do momento presente.
Cor amarela
5º. Aloha – Amar é compartilhar.
Corolário: o amor aumenta quando o julgamento diminui.
Tudo está vivo, atento e reativo.
Utilização do poder do amor.
Cor verde
6º. Mana – Todo poder vem de dentro.
Corolário: Tudo tem poder.
O poder vem da permissão (da criação).
Utilização do poder da permissão (da criação).
Cor azul
7º. Pono – A efetividade é a medida da verdade.
Corolário: Existe sempre outra forma de se fazer algo.
Utilização do poder da flexibilidade.
Cor lilás
A cada princípio, corresponde um atributo; representam qualidades especiais a serem desenvolvidas e são percebidos de maneira diferente do que comumente fazemos.
Os princípios e seus Talentos são:
1º. Ike – Visão; é uma maneira diferente de se perceber as coisas; é a visão metafísica da realidade.
A visão comum das coisas chama-se Ike Papakahi; é a visão do primeiro nível.
A visão metafísica chama-se Ike Papalua; é a maneira de se perceber a realidade atuando num segundo nível, de onde se controla o primeiro.
2º. Kala – Esclarecimento; é a maneira que se tem para agir fazendo com que se consiga claramente a união do seu eu com o universo; é a transformação do homem em um ser holístico.
3º. Makia – Focalização; focalizar em sua mente suas intenções, objetivos, metas e propósitos é uma maneira de se conseguir uma revisão permanente de suas motivações, o que lhe dá maior eficiência em suas ações e uma maior capacidade de frustrações. Isso é possível quando se consegue sentir que na focalização existe uma segunda situação, que só é percebida, quando a percepção se torna inconsciente transformando a linguagem de analítica em intuitiva. Nessa fase não há separação: nós somos o todo.
4º. Manawa – Presença; sendo o presente o nosso tempo, o aqui/agora e o agora/aqui são situações das quais tiramos todo proveito para nosso entendimento e compreensão e quanto mais atentos estivermos, mais presentes nos faremos e mais frutos colheremos de nossas ações.
5º. Aloha – Bênção; em todas nossas intenções, atitudes e ações, se conseguirmos reforçar o bem presente ou potencial, quer pela palavra, imagem ou ação, poderemos sentir a bondade, enxergar a beleza e apreciar a perícia com que se age. Assim, estaremos abençoando. O xamã age de maneira diferente porque é capaz de abençoar o bem potencial através de desejos de sucesso às pessoas a quem se dirige.
6º. Mana – Permissão; para que qualquer coisa tenha poder, é necessário que lhe atribuamos este poder que queremos transmitir, isto é, autorizamos que tenha este poder. Isto pode ser feito com pessoas e objetos. Só se consegue isto com a energização do que queremos atribuir poder.
Assim como podemos dar poder, também podemos tirar.
O xamã guerreiro personifica o mal lhe dando poder, aprendendo como conquistá-lo. O xamã destemido tira o poder do mal despersonificando-o e aprendendo sobre ele, conseguindo a harmonia, fazendo assim, que o mal desapareça.
7º. Pono – Tecelão de sonhos; o xamã tece seus próprios sonhos desenvolvendo suas habilidades e assim, poderá ajudar os outros a tecerem seus sonhos. Ele usa esta habilidade para fazer suas curas que têm um sentido diferente das curas comuns. Por exemplo, um massagista, massageando o corpo de um paciente está usando suas mãos para curar o corpo físico do paciente. O xamã massagista, massageando, estará usando o corpo físico como ferramenta para tecer um novo sonho e curar o espírito. São duas situações em que as ações são semelhantes, mas as intenções e atitudes são diferentes.
No primeiro caso, houve uma cura corporal e no segundo, ao tecer um sonho propiciou uma cura física e mental; provocou uma modificação espiritual que manterá o indivíduo com novas intenções e atitudes de vida criando uma nova crença.
Esta situação é eficiente e a eficiência está na capacidade do xamã de tecer sonhos e das mudanças sofridas que manterão o indivíduo com suas novas crenças.
Cremos que aí está a diferença dos dois termos utilizados na Língua Inglesa: “to cure” e “healing”; a primeira é a resposta de cura do massagista por uma ação corporal, e a segunda, é a resposta de cura do xamã que provocou a reformulação de memórias.
Pela descrição vemos que o xamã havaiano é um xamã diferente, inclusive por só usar a mente e o corpo em suas práticas.
Seu trabalho engloba jogos com vários simbolismos, assim como o uso de cores como símbolos de luz sagrada e com poderes.
3. A parte mitológica deve-se principalmente a Leinani Melville que nos traz o Panteão dos doze principais deuses da mitologia havaiana, destacando-se um Criador Supremo e um Deus manifestado como Seu Filho.
Cremos ser uma mitologia monoteísta que cria seu panteão de deuses, como algumas religiões monoteístas criam seus anjos, santos e profetas, como seres diferenciados ou iluminados.
A Huna tem um livro sagrado, o Tumuripo (Livro da Criação) de onde derivaram suas crenças, leis e normas de conduta e também várias lendas que mostram a história desse povo do antigo Havai’i.
AEH>> 6. Há alguma simbologia ou objetos que auxiliam esta prática?
SM>> A simbologia é muito rica e de acordo com os princípios teóricos dá-se poder a objetos e coisas que podem ser usados como símbolos para a prática dos rituais xamânicos. Isso auxilia muito a focalização para se obter o desejado na prática das ações.
AEH>> 7. Qual a relação dos princípios Xamânicos havaianos com a Huna?
SM>> Os princípios xamânicos havaianos são elementos fundamentais em determinadas práticas da Huna, mas a prática da Huna não está toda subordinada, exclusivamente, a esses princípios. De nada adiantam os princípios se não tivermos uma fé e uma crença que sustente nossa vontade ao praticar determinadas ações que conduzem nossa vida e, muitas dessas situações dependem do conhecimento de outros aspectos da teoria Huna.
AEH>> 8. A Huna pode ser estudada e praticada por qualquer pessoa? Quais são as condições necessárias para isso?
SM>> Qualquer estudo ou prática na vida depende de algum conhecimento teórico intelectualizado ou de um aprendizado que nos dê uma condição de fé e crença. O sol é o mesmo para todos e a prática da Huna só depende da vontade de aprender a fazer o bem através de um conhecimento simples trazido até nós pelos mestres kahuna.
AEH>> 9. Há uma figura de mestre ou sacerdote que apresenta os diferentes elementos às pessoas e as auxilia em suas vidas?
SM>> A Huna não tem uma teologia própria e por isso, carece de teólogos ou iluminados que a dirija. É natural que existam pessoas com um conhecimento maior e que podem ajudar os iniciantes, orientando-os em seus estudos e em suas práticas, desde que assim o desejem. Não há donos da verdade nem guias espirituais responsáveis por núcleos de estudos e práticas e sim, coordenadores que dirigem uma Associação que é regida por estatutos e escolhidos democraticamente em eleições, pelo menos no Brasil.
AEH>> 10. De que forma esses conceitos podem mudar a vida de uma pessoa?
SM>> A única forma de se mudar a vida de uma pessoa é quando ela realmente se dispõe a isso, quando busca a ajuda de pessoas de boa vontade, que estão dispostas a crescer e sabem que para isso a visão que têm do mundo deverá ser modificada. Uma dessas modificações se dá através das ações, que praticadas, mudam as condutas contribuindo para que os valores e padrões sejam revistos, reformulando as memórias que trarão pensamentos dentro de um novo pensar. Para isso, os conceitos e princípios da Huna podem ajudar em muitos aspectos, dando às pessoas uma visão diferente de si mesmas, o que trará como resultado uma nova visão do mundo que a circunda.
Já dizia Jesus: “Procurai e achareis; batei e abrir-se-vos-á”.
AEH>> 11. Os Xamãs trabalham aspectos psicológicos, tanto racionais como emocionais. Neste conceito entra também a fé?
SM>> A fé entra em qualquer situação humana onde há uma ação. Não há disposição para qualquer atitude sem uma fé que a impulsione. Quando falamos de fé não estamos falando de crença religiosa, cientifica ou de quaisquer outras, mas sim, de uma atitude interior que impulsiona o ser numa determinada direção, seja ela boa ou má para quem a pratica. A fé já é uma situação psicológica criada para determinado sentido, o que pode contribuir para a percepção de novos conceitos e valores e é nisso que o xamã trabalha essencialmente. Ele cria novos sonhos para a pessoa e interage com ela, recebendo assim, novos conhecimentos os quais o estarão também ajudando. É a busca de uma cura mútua pela introdução de novos sonhos de vida que transformarão os dois. É nessa mútua doação que entra o amor (Aloha). O amor compartilhado que torna o ser feliz pela renovação ocorrida. Esse é o papel daquele que teve a felicidade de se tornar um xamã.
AEH>> 12. Como os estudiosos da Huna vêem Deus?
SM>> Deus é uma realidade que foge ao nosso entendimento; não conseguimos apreender a Causa Primeira e por isso, não deveríamos ter tanta preocupação em buscá-Lo, mas sim, conseguir uma maneira de viver e sentir que, se formos capazes de uma fé do tamanho de um grão de mostarda, removeremos montanhas e, que se nosso agir, pensar e sentir estiver no caminho da retidão, Ele virá ao nosso encontro como uma bênção e nos ajudará a remover nossas montanhas internas. Ele é o Supremo Ser, o que soprou vida no universo criando tudo e todos e Suas leis estão manifestadas em tudo.
Nossa função é dar os passos no caminho que descobriremos ao abrir nossas mentes para que o Eu Superior, que faz parte do ser humano possa atuar em beneficio de nosso crescimento e evolução.
Sendo criados à Sua imagem e semelhança nada temos a temer a não ser permanecermos na inanição que a nada conduz.
Existe um Deus na mitologia havaiana do qual falamos, mas não devemos confundir esse Deus com o das doutrinas religiosas vigentes que é pai, mas também é um ser que nos pressiona obrigando-nos ao medo, que conduz à culpa e causa sofrimento. Deus não pode ser alguém que nos leva ao sofrimento para depois nos proporcionar o prazer.
Nossa intenção deve ser focalizada no sentido de procurarmos harmonizar nosso subconsciente (unihipili) com o consciente (uhane), não nos preocupando com as coisas que julgamos ser transcendentais, a não ser, aqueles que já adquiriram uma compreensão maior de si mesmos e são capazes de vislumbres do Eu Superior (Aumakua). Essa é a situação de quem conseguiu a paz e a harmonia entre subconsciente (unihipili) e consciente (uhane) e que agora poderá sentir o que Jesus disse: “Se dois viverem em paz e harmonia na mesma casa, dirão à um monte “sai daqui !” – e ele sairá . Esse tornou-se um simples transeunte na vida.
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