“A técnica de pensamento positivo não é uma técnica que o transforma. Ela está simplesmente reprimindo os aspectos negativos da sua personalidade. É um método de escolha. Ela não pode ajudar a consciência; ela vai contra a consciência.
A consciência é sempre algo sem escolha.
O pensamento positivo simplesmente significa forçar o negativo para o inconsciente e condicionar a mente consciente com pensamentos positivos. Mas o problema é: o inconsciente é muito mais poderoso, nove vezes mais poderoso que a mente consciente.
Então, uma vez que uma coisa se torne inconsciente, se torna nove vezes mais poderosa do que antes. Ela pode não ser mostrada da maneira antiga mas irá encontrar novas maneiras de expressão…
E isso é danoso e perigoso também.
As ideias negativas da sua mente precisam ser liberadas, não reprimidas por ideias positivas. Você tem de criar uma consciência que não é nem positiva nem negativa. Isso será a consciência pura. Neste puro estado de consciência, você viverá a vida mais natural e plena de felicidade…
O pensamento positivo é simplesmente a filosofia da hipocrisia – para lhe dar o nome correto.
Você tem que entender que não tem apenas este corpo de carne, ossos e sangue, não apenas este cérebro que é parte do corpo.
Por trás do cérebro, você tem uma mente – que a mente é abstrata – e, por trás do corpo, você tem um corpo astral.
A palavra “astral” vem de estrelas; ela significa luz… Ao invés de carne e ossos, um corpo somente de luz. Este corpo de luz, o corpo astral, tem a mente dentro de si.
Quando você morre, seu corpo físico e sua mente física são deixados para trás. Mas o corpo astral viaja com você, com a mente, com todas as lembranças da vida passada e do corpo, lembrando de todas as feridas e cicatrizes que acontecem no corpo físico.
Este fenômeno abstrato viaja com você; oculto dentro dele está o seu centro fundamental, existencial.
Até que você conheça o seu centro, terá que viajar continuamente de um corpo para outro.
Você já tem viajado por milhares de vidas, juntando mais e mais memórias na sua mente astral, mais e mais memórias no seu corpo astral. Embora o seu centro não seja afetado, ele é envolto pelo corpo astral, e o corpo astral vai de um útero a outro, de um túmulo a outro. Ele é a sua individualidade; ele tem um continuum. Mas o continuum chega ao fim quando você se torna um buda.
Quando você penetra profundamente em direção ao centro, você também está rompendo o corpo astral, fazendo um caminho através da mente, além da mente, através do corpo astral e além do corpo astral, em direção ao centro do seu ser. Um vez que tenha chegado no centro do seu ser, o continuum da individualidade para. Agora começa a existência universal. Você não entrará num útero novamente e não será cremado numa pira funeral novamente. Agora você será um com o todo.
É claro, tudo tem um custo. Você terá de deixar o seu tão estimado amor pela individualidade. Durante milhões de anos, você tem amado a sua individualidade, mas a sua individualidade, no final das contas, é uma limitação.
Agora, dê um salto para fora do continuum e torne-se um com o todo. Você irá desaparecer exatamente como uma gota no oceano. Mas isto é a bênção essencial, tornar-se oceânico, tornar-se cósmico é o mais profundo êxtase.
Você jamais irá se arrepender de perder a sua individualidade.
O que era a sua individualidade?
Você já pensou alguma vez?
A sua individualidade era uma prisão sutil, que o tirou de um útero, passou de um túmulo para outro útero e repetiu as mesmas coisas de novo e de novo e de novo. Esta é a razão pela qual, no oriente, eles chamam isto de ciclo de vida e morte.
Saltar fora deste círculo é todo o propósito da meditação – sair fora deste continuum, que tem sido apenas uma profunda angústia, tortura e sofrimento, e desaparecer no céu azul.
Este desaparecimento não é a sua morte. Este desaparecimento o torna um com o todo. E ser um com o todo é a maior alegria, a maior bênção.”
Osho em Krishna, the man and his Philosophy