Estudos desenvolvidos por uma equipe de físicos da Universidade Nacional da Austrália, vem demonstrando que a realidade não existe até que seja medida. Ou seja, que o mundo que chamamos de “físico” somente se torna “realidade” depois que nossa consciência entra em contato com a sua “possibilidade de existir”.
Neste sentido, não haveria um Mundo além do alcance de nossos olhos e pensamentos, existindo “fisicamente” independente de nós. Uma comparação, ainda que grosseira, seria imaginar que, diferente do que sempre imaginamos, “o mundo que acreditamos que está neste momento atrás de nossas cabeças não está lá, não existe de verdade, até que viremos nosso pescoço para vê-lo”.
Os pesquisadores australianos colocaram em prática o “Experimento de Escolha Demorada”, de John Wheeler, visando comprovar que tudo depende da medição (atuação direta da consciência) para “existir” no mundo físico. Como disse Andrew Truscott, o professor adjunto da Escola de Pesquisa Física e Engenharia da UNA, “em nível quântico a realidade não existe se você não está olhando para ela”.
Mas o resultado mais impressionante da experiência foi a comprovação de que mesmo aquilo que já aconteceu no passado, só é materializado e definido quando vier a ser medido no futuro. Até então, a realidade é apenas uma abstração.
Assim, muitas coisas que aconteceram ontem, no ano passado ou há milhões de anos atrás durante a era dos dinossauros, continuam sendo até hoje pura abstração da realidade. Muitos eventos somente passarão a ser “realidade” e terão sua “essência” revelada em algum momento entre hoje e o futuro, quando estes mesmos eventos forem devidamente observados e medidos.
Ou seja, de alguma maneira fantástica, a física quântica nos ensina que “o futuro pode mudar o passado”. Nada está escrito a ferro e fogo! Nem mesmo aquilo que já aconteceu.
Se pensarmos na teoria da relatividade de Einstein, da qual se depreende que o tempo é relativo e, portanto, uma “ilusão” da forma como o enxergamos, esta afirmação bem que faz algum sentido.
Na prática, o experimento australiano utilizou átomos de hélio (que são mais pesados do que os fótons de luz, que não têm massa) em estado de suspensão, conhecido como condensado de Bose-Einstein. Estes foram individualmente direcionados para passar através de um par de raios laser, propagados em direções opostas, formando como que uma “grade” de luz, que sofreria interferências naturais caso fosse incomodada.
APÓS o átomo percorrer por toda esta primeira “grade de luz”, foi jogada uma segunda “grade de luz” de lasers sobre o átomo de Hélio, mas desta vez não de maneira contínua, mas sim randômica e aleatória.
O curioso foi que, sempre que após passar pela primeira “grade de luz”, era jogada a “segunda grade de luz”, o átomo de Hélio passava pelas duas “grades” comportando-se como onda ao longo de todo o trajeto, percorrendo assim infinitos caminhos. Porém, quando DEPOIS de passar pela primeira grade de luz, não era projetada a segunda grade de luz, o Hélio se comportava como partícula (atenção! não apenas APÓS passar pela primeira grade, mas também enquanto a passava – momento em que não poderia “saber” que a segunda “grade de luz” não viria a ser projetada no futuro próximo), percorrendo UM ÚNICO caminho na primeira grade! Ou seja, é como se o “Futuro” (jogar ou não posteriormente a segunda grade de luz sobre o átomo de Hélio) afetasse o passado (o átomo de Hélio se comportar como partícula ou onda na primeira grade).
Desta maneira, o que definiu o “passado” foi o “futuro” e não o que aconteceu “antes”. De fato, costumamos pensar que aquilo que define a História (tudo que aconteceu no mundo no ano passado ou séculos atrás) são apenas os acontecimentos passados (e jamais o que ainda virá a acontecer no futuro). Porém, na Física Quântica esta lógica segue caminho distinto. É como se a linha do tempo pudesse andar tanto para frente, como para trás.
Portanto, a decisão do átomo de se comportar como partícula ou como onda na primeira parte do caminho (grade de luz) depende da decisão “futura” de ser colocada ou não uma segunda grade de luz APÓS ele percorrer este caminho. O passado não é decidido, até que o futuro “aconteça”.
No experimento, o tempo literalmente andou para trás, já que a lei de “causa e efeito” foi invertida no sentido temporal (futuro causou o passado, e não o contrário).
Nas palavras de Truscott: “O evento futuro faz o fóton decidir o passado”.
Podemos então, mudar nossa realidade HOJE a partir do que faremos em nosso futuro? Aparentemente, sim. O livre arbítrio parece ter poderes e dimensões jamais imaginadas.
Ou seja, a “realidade” só existe quando a medimos, quando nossa consciência interfere no evento. Até lá, os átomos não “decidem” o que querem ser, e provavelmente não o façam por bilhões de anos, até que alguém os “observe”, até que sejam “medidos”, até que a nossa “consciência atue sobre ele”.
Nossos pensamentos parecem não apenas definir o mundo, como também seu passado e futuro, como se a linha do tempo também fosse formada apenas por ondas maleáveis, que fluem segundo nossas determinações.
Talvez, afinal, valha a pena “chorar sobre o leite derramado”.