Associação de Estudos Huna

Posts by Nery Nalin Seitz

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Os Sete Eus

No momento mais silencioso da noite, estando eu deitado semiadormecido, os meus sete eus sentaram-se e assim conversaram, murmurando:

Primeiro Eu:

Aqui, neste louco, habitei todos estes anos, sem nada para fazer senão renovar a sua dor de dia e recriar a sua mágoa de noite. Não suporto mais o meu destino e agora rebelo-me.

Segundo Eu:

Irmão, o teu destino é melhor do que o meu, pois cabe-me a mim ser o eu feliz deste louco. Rio o seu riso e canto os seus momentos felizes e com pés três vezes alados danço os seus pensamentos mais brilhantes. Sou eu quem se quer revoltar contra a fatigante existência.

Terceiro Eu:

E então eu, o dominado pelo amor, a marca flamejante da paixão selvagem e dos desejos fantásticos? Sou eu, o doente de amor, quem se quer revoltar contra este louco.

Quarto Eu:

De entre todos vós, sou o mais infeliz, porque nada me foi dado senão ódio abominável e aversão destrutiva. Sou eu, o eu semelhante à tempestade, o que nasceu nas cavernas negras do Inferno, quem deveria protestar contra servir este louco.

Quinto Eu:

Não, sou eu, o pensador, o eu pleno de fantasias, o eu da fome e da sede, o que está condenado a deambular sem descanso em demanda de coisas desconhecidas e ainda por criar; sou eu, não vós, quem se deveria revoltar.

Sexto Eu:

E eu, o que trabalha, o obreiro que inspira piedade, que, com mãos pacientes, e olhos sonhadores, molda o dia em imagens e dá aos elementos novas e eternas formas – sou eu, o solitário, quem se deveria revoltar contra este louco irrequieto.

Sétimo Eu:

Que estranho que todos vós vos queirais revoltar contra este homem, tão-só porque cada um tem um destino pré-determinado a realizar.

Ah! Pudesse assemelhar-me a um de vós, um eu com um destino determinado! Mas não tenho nenhum, sou o que nada faz, aquele que se senta no nenhures e no nunca mudos e vazios, enquanto vós estais ocupados a recriar a vida. Sois vós ou eu, vizinhos, quem se deveria revoltar?

Quando o sétimo eu assim falou os outros seis olharam-no com piedade, mas nada proferiram; e à medida que a noite se tornava mais profunda, um após outro foi dormir envolto numa nova e feliz submissão.

Mas o sétimo eu ficou a observar e a mirar o nada por detrás de todas as coisas.

(Kahlil Gibran)

Notícias

Falecimento

Informamos aos amigos e filiados da AEH o falecimento de MIROCEM DE OLIVEIRA ELIAS, ex-presidente da AEH – ano 2006, amigo, colaborador e palestrante da Associação de Estudos Huna por longos anos. Será bem acolhido pelos Põe Aumakuas em Pô!

Aloha nui loa!

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Orar e Meditar

Pare de ficar rezando e batendo no peito…

Pare de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser minha casa…

Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias.

Pare de Me culpar da tua vida miserável. Confia em Mim e deixa de Me pedir… TU VAIS ME DIZER COMO DEVO FAZER O MEU TRABALHO???

Pare de ter tanto medo de Mim.

Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo… Eu Sou puro amor.

Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.

Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.

Eu te fiz absolutamente livre… Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.

Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei.

E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não…

Eu não quero que acredites em Mim. “Quero que Me sintas em ti.”

Tu te sentes grato??? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo.

Expressa tua alegria! Esse é o jeito de Me louvar.

Pare de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre Mim.

A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas.

Para que precisas de mais milagres?

Não Me procures fora!

Não me acharás.

Procura-me dentro… aí é que estou… dentro de ti.

Trecho de uma mensagem de BARUCH SPINOZA (Filósofo holandês do século 17)

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Praticando o Desapego

Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final.
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário…
Perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.

Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos.
Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos que já se acabaram.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas possam ir embora.

Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.

Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: Diga a si mesmo que o que passou jamais voltará.

Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo…
– Nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Encerrando ciclos, não por causa do orgulho, por incapacidade ou por soberba…
Mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais em sua vida.

Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira.
Quando um dia você decidir a pôr um ponto final naquilo que já não te acrescenta.
Que você esteja bem certo disso, para que possa ir em frente, ir embora de vez.

Desapegar-se, é renovar votos de esperança de si mesmo.
É dar-se uma nova oportunidade de construir uma nova história melhor.
Liberte-se de tudo aquilo que não tem te feito bem, daquilo que já não tem nenhum valor, e siga, siga novos rumos, desvende novos mundos.

A vida não espera.
O tempo não perdoa.
E a esperança, é sempre a última a lhe deixar.

Então, recomece, desapegue-se!

Ser livre, não tem preço!

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Como Me Tornei Um Guerreiro

Houve um tempo em que fugia do medo,
então o medo me controlava.
Até que aprendi a segurar o medo como um recém-nascido.
Ouví-lo, mas não ceder.
Honrá-lo, mas não o adorar.
O medo não podia mais me impedir.
Eu entrei com coragem na tempestade.
Ainda tenho medo,
mas ele não me tem.

Houve um tempo em que
eu tinha vergonha de quem eu era.
Eu convidei a vergonha para o meu coração.
Eu a deixei queimar.
Ela me disse: “Estou apenas tentando
proteger sua vulnerabilidade “.
Eu agradeci à vergonha
e entrei na vida de qualquer maneira,
sem vergonha, com a vergonha como minha amante.

Houve um tempo em que tive muita tristeza
enterrada bem no fundo.
Eu a convidei para sair e brincar.
Eu chorei oceanos.
Os meus canais lacrimais estavam secos.
E eu encontrei a alegria ali mesmo.
Bem no centro da minha tristeza.
Foi o desgosto que me ensinou a amar.

Houve um tempo em que tinha ansiedade.
Uma mente que não parava.
Pensamentos que não silenciavam.
Então parei de tentar silenciá-los.
E eu larguei da mente
fui para a terra,
para a lama.
Onde fui abraçado fortemente
como uma árvore, inabalável, segura.

Houve um tempo em que a raiva queimou nas profundezas.
Eu chamei a raiva para a luz de mim mesmo.
Eu senti seu poder chocante.
Eu deixei meu coração bater e meu sangue ferver.
Escutei, finalmente.
E ela gritou: “Respeite-se ferozmente agora!”.
“Fale a sua verdade com paixão!”
“Diga não quando você quer dizer não!”
“Ande o seu caminho com coragem!”
“Que ninguém fale por você!”
A raiva se tornou uma amiga sincera.
Um guia sincero.
Uma linda criança selvagem.

Houve um tempo em que a solidão cortou profundamente.
Eu tentei me distrair e me entorpecer.
Corri para pessoas, lugares e coisas.
Até fingi que estava “feliz”.
Mas logo eu não pude correr mais.
E eu caí no coração da solidão.
E eu morri e renasci
em uma requintada solitude e quietude.
Isso me conectou a todas as coisas.
Então eu não estava em solidão, mas sozinho com toda a vida.
Meu coração Um com todos os outros corações.

Houve um tempo em que fugia de sentimentos difíceis.
Agora, eles são meus conselheiros, confidentes, amigos
e todos eles têm um lar em mim
e todos eles pertencem e têm dignidade.
Eu sou sensível, suave, frágil,
meus braços envolveram todos os meus filhos internos.
E na minha sensibilidade, poder.
Na minha fragilidade, uma presença inabalável.

Nas profundezas das minhas feridas,
no que eu tinha chamado de “escuridão”.
Eu encontrei uma luz ardente.
Isso me guia agora em batalha.

Eu me tornei um guerreiro
quando me virei para mim mesmo.

E comecei a ouvir.

– Jeff Foster