por Kuoha (adaptado)
Nós ocidentais sempre tendemos a pensar que as grandes descobertas, nos mais vários campos das atividades humanas, são originárias desta banda de cá do mundo. Uma puxada de sardinha para nossa brasa, nada de mais, isso é típico do ser humano. Em parte porque realmente os novos processos tecnológicos demonstram isso de forma evidente. Mas não devemos nos deixar levar só por esse aspecto.
A Huna nos mostra claramente que tudo está interligado, tudo tem uma origem, um acervo comum da humanidade. No campo da terapia, hoje difundida como um fenômeno moderno, amplamente usada na solução dos problemas de ordem emocional com várias escolas de psicologia e psiquiatria.
O velho ditado “roupa suja se leva em casa” retrata bem os problemas de ordem familiar, sentenciados sob uma ótica restritiva que devem ser mantidos no restrito âmbito dos familiares envolvidos. Isso é um dos grandes fatores de dificuldade na busca compartilhada da luz comum no fim do túnel.
Outro ditado que diz que “santo de casa não faz milagre” revela as dificuldades e os aspectos emocionais dos indivíduos de um mesmo grupo familiar e seus Eus Básicos, a dificuldade na busca de uma solução compartilhada entre seus membros. De um modo geral a terapia de hoje consiste em duas pessoas que se encontram. Elas estarão a sós, em convivência particular de horas, numa discussão buscando os vários aspectos da alma. Um ambiente de poderosa troca emocional, na segurança de um ambiente de “confessionário” ou no conforto simples de um quarto com um querido amigo.
A maioria dos terapeutas com frequência aponta que a parte mais dura do processo é o confronto vindo de medos mais profundos e seus segredos mais íntimos. Os que passam por esse processo, enfrentam e lidam quando orientados de forma adequada no apoio de seus terapeutas. Mas o paradoxo que se apresenta é: como o “novo” indivíduo irá lidar com sua “velha família”? Como se comportar diante de velhos jogos de poder estabelecidos na velha ordem familiar? Parece razoável que a saída está na busca de uma solução comum ao grupo buscada em uma arena comum. A terapia familiar hoje existente esbarrou em um método que leva a solução de forma individual, oferecendo uma busca de ordem muitas vezes solitária usando os “próprios materiais individuais”. Isso se não for orientado por um terapeuta bem qualificado, poder trazer mais mutilações ou problemas.
Como encontrar um processo sem perigo e indolor que envolva todos familiares? A resposta pode estar a milhares de quilômetros de distância do grupo familiar envolvido. Em um solitário grupo de ilhas minúsculas no meio do oceano Pacífico, enterradas em raízes de uma cultura milenar e com vasta prática de terapia familiar, isso muito antes de se ouvir falar em psicanálise ou no conceito da família desajustada.
Para as pessoas do antigo Hawaii o conceito de Ohana – família, era muito real. Família não era só os relacionados consanguíneos, mas tudo que é vivente e seus próprios deuses. Cada família tinha seu próprio Aumakua ou deus ancestral que assistia do alto a família, como um grande e amoroso espírito parental, que tudo vê. Esses fortes vínculos familiares produziam benefícios a todos os que se mantivessem unidos a família. Era um forte tricô de todas as gerações. Adorar os antepassados tinha forte significado na educação religiosa da família.
Porém como em todas as famílias humanas, ocorriam dificuldades de vez em quando, briga entre parentes ou intrigas familiares. Nesses casos o mais idoso e experiente da família consultaria um Kahuna Lapa’au, ou sacerdote terapeuta havaiano, para promover uma terapia familiar – Ho’oponopono. Todos em comum acordo participariam reunidos em grupo e de boa vontade, com verdadeiro desejo de solucionar os problemas, pré-requisito essencial na resolução das dificuldades. O Ho’oponopono difere da terapia moderna em três aspectos:
1) Uso da oração e o envolvimento dos deuses no processo.
2) O ato de perdão.
3) A forma apropriada de restituição.