Associação de Estudos Huna

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Por que Eu Gosto de Praticar Huna

Por Fernanda Luz*

O primeiro contato com Huna aconteceu numa tarde de domingo, daquelas em que o tédio parece uma entidade viva, ocupando todos os cantos da casa. Eu folheava uma revista antiga quando encontrei um artigo sobre filosofias havaianas. Ali estava, em letras pequenas, uma palavra que mudaria minha percepção: Huna.

Huna, explicava o texto, não é apenas uma filosofia, mas uma forma de viver em harmonia com o universo. Os antigos kahunas, os mestres havaianos, compreendiam que existem três aspectos do ser: o Eu básico (Unihipili), o Eu consciente (Uhane) e o Eu superior (Aumakua).

Como uma dança coordenada, esses três níveis precisam estar em sintonia para que a energia vital, o “mana”, flua livremente.

No início, confesso, parecia apenas mais uma dessas filosofias exóticas que atraem ocidentais em busca de respostas fáceis. Mas algo me fez dar uma chance. Talvez fosse o princípio chamado “Ike”, que significa “o mundo é o que você pensa que ele é”. Ou talvez o “Kala”, que nos lembra que “não há limites, tudo é possível”.

Comecei com práticas simples. A respiração Ha — inspirar visualizando luz, segurar brevemente e expirar pronunciando “Haaa(longo)” — tornou-se meu ritual matinal. Aos poucos, percebi que não era apenas um exercício físico, mas uma forma de conectar-me com o “mana”, a energia que permeia tudo.

Os sete princípios de Huna tornaram-se bússolas para minhas decisões cotidianas. “Makia” (concentração de atenção) me ensinou que onde vai a atenção, vai a energia. Quando me pego perdendo tempo com preocupações inúteis, lembro-me desse princípio e redireciono meus pensamentos.Mas o que realmente me conquistou foi “Aloha”, o princípio do amor. Não aquele amor romanesco das novelas, mas um amor consciente, uma presença diante da vida.

Aprendi que abençoar situações difíceis, em vez de resistir a elas, transforma não apenas a situação, mas principalmente a mim mesmo. E por via de consciência, desse aprendizado, foi fluindo em mim um profundo sentimento de gratidão.

Certa manhã, presa no trânsito de uma grande avenida, percebi que estava tensa, resmungando contra tudo e todos. Lembrei-me então de “Aloha” e decidi abençoar aquele engarrafamento. Não aconteceu nenhum milagre — o trânsito continuou lento — mas algo mudou dentro de mim. A tensão foi substituída por uma calma inesperada, como se aquela situação tivesse perdido o poder de me afetar negativamente.

Pratico Huna não porque acredito que isso me dará superpoderes ou uma vida sem problemas. Pratico porque, entre tantas filosofias que já experimentei, esta me ensinou algo precioso: a felicidade não está nos eventos externos, mas na forma como nos relacionamos com eles.

Não sou uma kahuna, nem pretendo ser. Sou apenas alguém que descobriu, através desses ensinamentos tão simples, que todos os dias podemos escolher entre resistir à vida ou fluir com ela. E quanto mais escolho fluir, respeitando os sete princípios, mais percebo que a “magia huna” não está em algum ritual exótico, mas na simplicidade de uma mente em paz.

Quando as pessoas me perguntam sobre Huna, geralmente esperam ouvir sobre práticas místicas ou experiências sobrenaturais. Desaponto-as com minha resposta simples: “Pratico Huna porque me ajuda a lembrar que sou responsável por minhas experiências e minhas escolhas e que tenho o poder de transformá-las através dos meus pensamentos e ações.

No mundo acelerado em que vivemos, onde a distração é constante e a ansiedade parece inevitável, encontrar uma filosofia que nos convida a respirar profundamente e a viver com presença é, no mínimo, um alívio.

E é por isso que, mesmo nos dias difíceis, continuo a praticar. Porque Huna não é sobre escapar da realidade, mas sobre criar uma realidade mais harmoniosa, começando pelo nosso mundo interior. E a prática diária me torna uma pessoa melhor para mim mesma e para os outros.

Por isso recomendo à todos o estudo e a prática da Huna. “Nana i ke kumu“– um dos ensinamentos mais profundos da Huna – significa: “olhe para a fonte”. E a fonte de toda transformação, descobri, está dentro de nós. Amama!

*Fernanda Luz, é terapeuta holística e autora de livros sobre espiritualidade. Fernanda, começou a escrever crônicas sobre suas experiências com práticas espirituais diversas, sendo a Psicofilosofia Huna sua principal referência.

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Conhecendo-se

Dentro dos ensinamentos mais antigos da humanidade, encontramos o “Caibalion”, atribuído a Hermes Trismegisto. Este texto esotérico se baseia em sete princípios fundamentais, começando com a poderosa ideia de que “O UNIVERSO É MENTAL”. Esta máxima sugere que não existe um corpo ou um universo fora da mente; tudo o que percebemos e experienciamos é projeção mental. Nunca experimentamos nada fora de nossa própria mente, pois o universo e tudo que ele contém são, em essência, mentais.

Riva, refletindo sobre essa ideia, propõe: “Antes de tudo, veja que você é uma hipótese e depois veja se sobra algum mundo real para mexer nele.” Isso reforça que a solução para os nossos desafios está dentro de nós mesmos, não sendo útil buscar respostas exclusivamente externas. Eu mesmo sou a solução para mim, sem a necessidade de um salvador ou mestre externo que resolva minhas questões.

O mestre que me orientou não me ofuscou com ideias brilhantes sobre mim, nem prometeu minha salvação. Ao contrário, ele me ensinou que as mentiras que crio sobre mim mesmo só podem ser desfeitas por mim mesmo. Deus, sendo a VERDADE, não participa de enganos, Ele é e sempre será verdade.

No contexto da autodescoberta e transformação, há um ensinamento precioso em mandarim, compartilhado pelo mestre Zhi Gang Shá:

SAN SAN JUI LUI BA YAO WU
(3 3 9 6 8 1 5)

Este mantra significa:

  • “Eu tenho o poder de criar milagres curadores da alma para transformar toda a minha vida.”
  • “Tu tens o poder de criar milagres curadores da alma para transformar toda a sua vida.”
  • “Juntos, temos o poder de criar milagres curadores para transformar toda a vida da humanidade, a Mãe Terra e todo o universo.”

Estes princípios e práticas nos lembram que cada um de nós possui uma capacidade inata de transformação e cura, não apenas de si mesmo, mas também do mundo ao nosso redor. Ao abraçar plenamente a natureza mental do universo, podemos começar a entender e exercer nosso verdadeiro poder de criação e mudança.

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Pono

Na Psicofilosofia Huna, o princípio Pono representa a harmonia, a integridade e a retidão. Traduzido como “eficácia é a medida da verdade“, Pono nos ensina que não há um único caminho correto, mas sim múltiplas possibilidades para alcançar nossos objetivos.

O Significado de Pono

Pono está relacionado ao equilíbrio interno e externo. Quando estamos em Pono, nossas ações, pensamentos e emoções estão alinhados com nossa essência e propósito. Isso gera bem-estar e nos permite viver de forma autêntica, sem culpa ou ressentimentos.

Na visão Huna, o sofrimento surge quando nos afastamos da harmonia, seja por crenças limitantes, conflitos internos ou padrões negativos.

Recuperar o estado de Pono significa resgatar nosso poder pessoal e a capacidade de criar realidades mais positivas.

Pono na Psicologia e no Cotidiano

A aplicação de Pono na vida diária envolve assumir responsabilidade por nossas escolhas e buscar soluções que promovam equilíbrio e felicidade. Algumas formas de viver esse princípio são:

Autenticidade: Ser verdadeiro consigo mesmo e com os outros, sem medo de julgamentos.

Flexibilidade: Estar aberto a novas perspectivas e caminhos para resolver desafios.

Compaixão e Perdão: Liberar ressentimentos e agir com empatia para restaurar a paz interior.

Ação Consciente: Tomar decisões que promovam o bem-estar próprio e coletivo.

Pono também nos lembra de que eficácia é o critério da verdade. Se algo não está funcionando em nossa vida, podemos mudar nossa abordagem sem apego a crenças rígidas. O importante é encontrar caminhos que tragam resultados positivos e harmônicos.

Conclusão

Viver em Pono é viver em equilíbrio consigo mesmo e com o mundo. Quando cultivamos essa harmonia, fortalecemos nossa conexão com a vida e despertamos nossa capacidade de transformar desafios em aprendizados e crescimento.

Se deseja aplicar Pono em sua jornada, pergunte-se: “Minhas ações estão me levando a um estado de equilíbrio e felicidade?” Se a resposta for não, lembre-se de que sempre há novos caminhos para explorar e transformar sua realidade.

Como práticar Pono:

Aqui estão alguns exercícios práticos para aplicar o princípio Pono no seu dia a dia e cultivar mais harmonia e equilíbrio na vida.

  1. O Diário da Harmonia

Objetivo: Identificar áreas da vida onde há equilíbrio e onde há desafios a serem ajustados.

Como fazer:

No final do dia, escreva sobre três momentos em que você se sentiu em harmonia consigo mesmo e com os outros.

Anote também uma situação que gerou desconforto e reflita: O que posso mudar para trazer mais equilíbrio?

Pergunte-se: Estou agindo com autenticidade e eficácia nas minhas escolhas?

  1. O Jogo das Múltiplas Soluções

Objetivo: Desenvolver flexibilidade e desapego de crenças rígidas.

Como fazer:

Escolha um problema ou desafio atual.

Liste pelo menos três soluções diferentes para resolvê-lo.

Pergunte-se: Qual dessas soluções é mais eficaz e traz mais harmonia para minha vida?

Escolha uma e coloque em prática, sempre aberto a ajustes se necessário.

  1. Meditação do Perdão (Ho’oponopono)

Objetivo: Liberar ressentimentos e restaurar a paz interior.

Como fazer:

Encontre um lugar tranquilo, feche os olhos e respire profundamente.

Pense em uma situação ou pessoa com quem sente algum desconforto.

Repita mentalmente ou em voz alta as quatro frases do Ho’oponopono:

Sinto muito.
Me perdoe.
Te amo.
Sou grato(a).

Sinta o peso se dissolvendo e visualize a harmonia sendo restaurada.

  1. A Regra do Caminho Mais Leve

Objetivo: Tomar decisões baseadas na harmonia e na eficiência.
Como fazer:

Diante de uma escolha difícil, pergunte-se: Esse caminho traz leveza e equilíbrio ou causa resistência e sofrimento?

Escolha sempre a opção que gera menos conflito interno e mais fluidez.

Se perceber que está insistindo em algo que não está funcionando, esteja aberto a mudar a abordagem.

  1. O Espelho da Autenticidade

Objetivo: Avaliar se estamos vivendo de acordo com nossa verdade.
Como fazer:

Olhe-se no espelho e pergunte-se: Estou sendo verdadeiro(a) comigo mesmo(a) ou estou tentando agradar os outros?

Observe suas expressões e sinta se há alguma resistência ou desconforto.

Se perceber que está se afastando da sua essência, faça um compromisso consigo mesmo para agir com mais autenticidade.

Conclusão:

Praticar Pono é um processo contínuo de alinhamento entre pensamento, sentimento e ação. Ao aplicar esses exercícios no dia a dia, você se torna mais consciente de suas escolhas e desenvolve um estado de harmonia consigo mesmo e com o mundo ao seu redor.

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Infinitas Possibilidades

Num estado de infinitude, distante das restrições espaço-temporais, encontramo-nos à beira de conceber um novo sistema integrado de bem-estar. Neste paradigma, a saúde e a harmonia residem simultaneamente dentro e fora do nosso corpo físico, alinhando nossa biologia ao sistema tecnológico de um mundo eterno. Este processo se torna uma parte normal do pensamento humano, adaptado à vida cotidiana e renovando-se automaticamente, tal como as partículas, as células e as funções endócrinas.

Estamos sendo chamados a reavaliar e reconsiderar as crenças arraigadas que nos fazem perceber o mundo e suas dificuldades como intransponíveis. A mente, que cria a atmosfera de sofrimento em que muitas vezes vivemos, precisa ser redirecionada através da ciência, determinação e imaginação, para criar cenários onde as soluções são fáceis e fluidas.

A maneira como percebemos a realidade determina como ela nos aparece e como reagimos a ela. O agora, o MANAWA, é o momento perfeito para redefinir nossa identidade e mudar nossas opiniões sobre nós mesmos e sobre o mundo ao nosso redor. É um momento para se conectar em um nível cósmico, estar consciente do que está ocorrendo com a Terra e com a humanidade, sem se prender aos dramas do passado ou do dia a dia. Devemos ter clareza de que esses dramas foram criados e são sustentados por nós mesmos, enredados em nossas próprias limitações e barreiras autoimpostas.

Independentemente das circunstâncias, este é o ponto chave para uma virada, para mudar de vida, modificando-nos a partir dos filamentos de luz codificada, discernindo as informações e redefinindo o que queremos AGORA. Manter uma frequência de luz, que equivale à lucidez, alinhada com nossos propósitos e com o uso dos recursos e talentos disponíveis, nos direciona para onde almejamos chegar.

Ao invés de lamentar, debater ou deprimir, como muitos fazem, devemos assumir um estado estável e meditativo. Esta frequência de luz nos ajuda a trazer à consciência todas as aptidões desenvolvidas ao longo de muitas vidas, armazenadas em cachos de memórias que favorecem nossa própria evolução e uma visão mais abrangente além da realidade imediata. Vamos além das aparências, além da lógica, além da ilusão, para criar um plano divino a ser cumprido.

Quando tudo parecer estar sucumbindo, é possível trazer a humanidade de volta à senda, pois é do caos que nasce a ordem em todo o cosmos. Kósmos, a palavra grega que significa ordem, beleza e harmonia, lembra-nos que ou elevamos nossa própria frequência ou regredimos.

Estamos aqui por um motivo. E qualquer um pode mudar e aumentar seu discernimento.